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É A VIDA (O QUE É
QUE SE HÁ-DE FAZER?) O PRIMEIRO
CRIME BORDA
D'ÁGUA DO CONTO CURTO - 2018 BORDA
D'ÁGUA DO CONTO CURTO - 2019 BORDA
D'ÁGUA DO CONTO CURTO - 2020 |
O PRIMEIRO CRIME Este é mesmo o
pior mês do ano. É pior do que péssimo! É o mês do recomeço das aulas.
Abomino a escola, odeio as aulas e detesto os professores e colegas! Sempre
foi assim, desde sempre foi assim. No início e até agora, ao 12º Ano. O calor abrasador
de agosto entra por setembro e nem o equinócio que marca o início do outono
afasta o tempo quente e a vontade de ar livre, mar e praia. Temos a
abertura do novo ano letivo. A antecipação em uma semana, por decreto governamental,
rouba a todos uma semana de férias, sem direito a compensação. E é por isso
mesmo que este ano será diferente. Inesquecível. Chego à escola de bicicleta,
a bem do ambiente, e prendo-a com o cadeado no local próprio. Apesar da hora
matinal, está já um calor insuportável. Alguns que passam por mim reparam com
estranheza no volume da mochila que penduro no ombro. Hoje é dia da sessão
solene e não é suposto carregar mochilas. Mas eu não quero estar aqui e tenho
outros planos em mente. Sei que vou transgredir e infringir as normas. Vou
cometer um crime. Irei abrir a mochila com cuidado… *** Abro a mochila
com cuidado… retiro o boné, o livro, o lanche e a toalha de praia. Deito-me
de barriga para baixo. Pela primeira vez falto à
cerimónia de abertura onde me é sempre entregue o Prémio de Mérito e
Excelência, pelo meu desempenho no ano letivo anterior. Este setembro troco a
escola pela liberdade e pela tranquilidade de uma manhã bem passada com
areia, sol e mar. Este é o meu primeiro crime. Fontes: Blogue Repórter de
Ocasião, 21 de Setembro de 2025 Borda D’Água do
Conto Curto, Edições Fora da Lei, Ano de 2025 |
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© DANIEL FALCÃO |
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