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22 de Março de 1957. É
publicado, na revista “Flama”, o 1º número da Secção “O Gosto do Mistério…”,
orientada por Jartur – curiosamente, por lapso
tipográfico, identificado como “Mr. Dartur”. Domingos Cabral, com 15 anos completados
recentemente, responde ao problema naquela inserido
– “O Táxi Misterioso”, transformando, assim, em “casamento” o “namoro” que à
modalidade vinha fazendo há algum tempo, através do contacto com a Secção do
“Mundo de Aventuras”, de que era leitor há alguns anos. Sabendo, por isso, que era habitual o uso de
pseudónimo, e perante a dificuldade que sentiu na escolha, rápida, de um,
acabou, por associação, por perfilhar o “Inspector
Aranha”. É que, naquele problema, o investigador (Marcos Dias), concebido
pelo Autor (Jartur), após resolver o caso, dirige–se para o “Clube do Aranhiço”. Escolha pouco feliz,
de facto, já que ninguém inicia a construção de um edifício pelo telhado e o
principiante começava, nada modestamente, por se designar “Inspector”… De qualquer forma, iniciou–se,
assim, um longo caminho… In Mundo dos
Passatempos, 1 de Setembro de 2007 Correio Policial, 6 de Agosto de 2021 |
PRIMÓRDIOS DA PROBLEMÍSTICA
POLICIÁRIA PORTUGUESA por DOMINGOS CABRAL (do livro com o mesmo título, a
editar) 48 2º PARTE – CICLO L. FIGUEIREDO SECÇÃO “O LEITOR É
SHERLOCK HOLMES?” 3º PROBLEMA:
“UM CASO DE ESPIONAGEM FRANCESA DURANTE A GRANDE GUERRA” No decorrer da conflagração mundial muitas pessoas
engenhosas inventaram formas originais de comunicações secretas, dedicando-se
também a decifrar os códigos e cifrantes usados na transmissão de notícias
entre os inimigos. Passou-se na Suíça um episódio que mostra bem a
habilidade e subtileza usada pelos agentes secretos da contraespionagem
francesa, para neutralizarem os efeitos dos espiões a soldo dos alemães. Opunha-se à espionagem a contraespionagem e M. Ile Gaby estava encarregada
desta missão na Suíça – por conta da França. Tanto em Berna como em Zurich ou em Genebra todas a consideravam como sendo de
nacionalidade Suíça pelo que conseguiu obter a confiança dos espiões alemães,
que procuravam utilizá-la no seu serviço contra os franceses. Assim se lhe
deparou uma situação muito favorável à missão que tinha a cumprir. Aceitou,
pois, a oferta com grande satisfação dos seus superiores franceses. As
informações que lhes passou a fornecer tornaram-se preciosas para estes
devido à importância das comunicações, por conhecer muitos segredos dos
alemães, convencidos como estavam de que os serviam lealmente. Em certa ocasião a direcção
da contraespionagem francesa foi alarmada pela notícia devida a informações
de origem belga de que qualquer dos seus agentes, que presumia de confiança a
estava atraiçoando, por ser simultaneamente espião da Alemanha, quere dizer
que a sua acção era dúplice e a ludibriava da mesma
maneira que M. Ile Gaby
atraiçoava a espionagem alemã. Era, pois, grande a ansiedade entre os agentes
franceses pela descoberta do traidor e pela sua prisão imediata, evitando
prejuízos maiores do que aqueles que já tinha havido. Os franceses informaram ocultamente M. Ile Gaby da situação,
ordenando-lhe que obtivesse o mais rapidamente possível a informação
desejada, mas tomando as maiores precauções para se não desmascarar aos olhos
dos alemães, que exploravam na Suíça e com quem estava diariamente em
contacto. Por um exame secreto feito aos documentos dos
arquivos oficiais dos seus superiores alemães, M. Ile
Gaby conseguiu saber, uma hora antes do que lhe
fora marcada para a sua saída de Berna, uma comissão de espionagem alemã. A
identidade do espião-traidor. Tendo, pois, conseguido obter relativamente
depressa a informação precisa, por forma a que os
franceses pudessem prendê-lo, tornava-se-lhe agora necessário utilizar o
limitadíssimo tempo de que dispunha para a transmissão da nova porque,
passada aquela hora, sempre estava acompanhada pelos alemães. A utilização do
telegrafo tornava-se-lhe impossível por as suas
estações estarem transformadas em verdadeiros vespeiros de agentes dos vários
países e se, como era natural, qualquer decifrasse a sua mensagem, podia
comprometer-se gravemente. Escrever pelo correio era demasiado moroso para a
urgência que tinha. Havia uma única forma: M. Ile Gaby marcara felizmente um encontro no vestíbulo do hotel
com um dos seus cúmplices franceses, que estava em Berna, para que ele lhe
transmitisse qualquer informação importante que porventura chegasse ao seu
conhecimento antes de partir. M. Ile Gaby sabia que era, assim como as suas visitas, vigiada
constantemente pelo que combinara com o cúmplice sentar-se perto dele no
vestíbulo do hotel, sem que houvesse entre os dois a menor troca de palavras
ou gestos, que os poderiam denunciar. Em resumo e para fixar ideias, M. Ile Gaby estava assoberbada com
difícil problema de transmitir a citada informação que não era mais que uma
curta mensagem ao cúmplice, que se podia aproximar dela, examinando-a
detalhadamente, dos pés à cabeça, mas sem lhe falar ou fazer qualquer sinal
que, por pequeno que fosse, pudesse levantar suspeitas aos inúmeros espiões
alemães que pululavam constantemente por todos os recantos do hotel. Apesar de todas estas dificuldades que teve que
vencer, M. Ile Gaby
comunicou ao espião francês a identidade do traidor sem despertar de qualquer
pessoa, de forma que ele foi preso dez horas depois. Como o conseguiu fazer? O esboço junto mostra a forma como a espia esteve
sentada no referido salão do hotel, onde permaneceu só cinco minutos lendo um
livro que nunca abandonou. O cúmplice que se sentou perto dela conseguiu
obter a informação sem trocas palavras ou sinais e como M. Ile Gaby não levantou também
suspeita alguma. Como responde o leitor, candidato a polícia
amador, depois de examinar o problema e a gravura das seguintes perguntas: 1ª – De que forma comunicou M. Ile Gaby com o cúmplice? 2ª – Qual era o texto da mensagem? * * * Nota, do
“Blogue RO”: - Não foi
mostrado, nem divulgado, na publicação correspondente, a 6 de Agosto de 2021,
na Secção “CORREIO POLICIAL”, qualquer “esboço” nem “gravura” que ajudasse o
leitor na decifração deste problema policiário. * * * SOLUÇÃO DO PROBLEMA: 1ª – M. Ile Gaby, agente de espionagem francesa, comunicou ao seu
cúmplice da identidade do espião-traidor pelos sinais do alfabeto telegráfico
internacional Morse, bordados no lugar das "baguetes" das meias que
calçava e que eram de seda sem qualquer enfeite. 2ª – O texto da mensagem esquerda •••• –••• H
B e na perna direita ••––– –•••• 2
6 H B 26 era o sinal usado no código secreto do
serviço e espionagem para designar o espião-traidor, que procurava. M. Ile Gaby estava certa que o seu cúmplice se não estivesse a
par do código referido, não deixaria, porém, de copiar o desenho que via nas meias
para mais tarde ser decifrado pelos seus chefes em França. * * * CONSIDERAÇÕES
SOBRE AS 1ª E 2ª FASES DOS "PRIMÓRDIOS" (Continuação) Relativamente aos denominados "Contos"
(para nós, problemas) de Reinaldo Ferreira, e os de L. Figueiredo (todos da
autoria de ambos, o que mais tarde deixou de ser padrão, com os enigmas a
serem produzidos essencialmente pelos concorrentes, como tal policiaristicamente designados por "produtores!”),
há a salientar a maior facilidade de decifração dos assinados pelo primeiro,
revestindo-se de maior dificuldade as soluções dos da autoria do segundo, em
alguns casos insuficientemente fundamentadas. Entretanto, por esclarecer ainda está a questão
quiçá mais importante desta análise: Quem foi L. Figueiredo, o criador e
responsável pela que é (hoje…) considerada a segunda mais antiga experiência
da problemística policiária portuguesa? Resposta possível a seguir na próxima semana.
Fontes: Secção Correio
Policial, 6 de Agosto de 2021 | Domingos Cabral Blogue Repórter de
Ocasião, 30 de Novembro de 2025 | Luís Rodrigues |
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© DANIEL FALCÃO |
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