Autor

Eureka

 

Data

18 de Fevereiro de 1989

 

Secção

Sábado Policiário [163]

 

Competição

Torneio A-Team 89

Prova nº 3

 

Publicação

Diário Popular

 

 

NO SILÊNCIO DA NOITE

Eureka

 

O 10 de Novembro de 1988 ficara para trás e a Cruz de Pau dormia. A noite estava fria e húmida, como há muito não acontecia. O silêncio era quase total e o único movimento que se podia apontar era o de um homem numa ourivesaria. O que está ele lá a fazer? Aproximemo-nos. Tem um saco na mão, que enche, apressado, com tudo o que lhe parece valioso e depois sai rapidamente, deixando a porta fechada.

O senhor Ferreira, proprietário da ourivesaria, chegou ao seu estabelecimento às nove horas em ponto, como fazia todas as manhãs. Mas aquela não era uma manhã vulgar, Tinha sido roubado, e a sua primeira atitude foi chamar a Polícia, que chegou alguns minutos depois.

Observando o local do crime, chegou-se à conclusão de que quem quer que tenha entrado ilegalmente, o tinha feito pela única porta da loja. Porta essa que não apresentava o mínimo sinal de ter sido forçada; era portanto um trabalho de especialista. Não se encontraram mais nenhuns indícios incriminatórios no local do roubo e passou-se à fase dos interrogatórios. Tarefa difícil, pois parecia existir só uma testemunha ocular, que por acaso era o guarda nocturno. Eis o seu depoimento:

– Eu estava de serviço e preparava-me para efectuar a ronda naquela parte da rua quando vi ao longe alguém a afastar-se da ourivesaria. Apesar da falta de luz consegui, graças ao luar, ver um vulto que parecia o do «Pantufas» a afastar-se. Não posso garantir que fosse ele porque via-se mal. Se eu não tivesse deixado cair a minha lanterna minutos antes tinha-o identificado, mas com ela partida era-me difícil. Ainda pensei ir inspeccionar dentro da ourivesaria para ver se estava tudo em ordem, mas como o alarme não soou achei que não era necessário. Infelizmente não vi as horas.

A EDP confirmou a falta de electricidade durante toda a noite e o alarme nunca soaria porque a porta não tinha sido arrombada mas sim aberta com uma chave. Era de facto um trabalho de profissional.

Foi difícil interrogar o «Pantufas», que estava com uma forte gripe e mal conseguia falar. Disse que não tinha estado naquela zona à noite porque a passara na oficina, a preparar uma encomenda para um construtor civil. O «Pantufas» era serralheiro e a sua alcunha devia-se à calma e leveza com que fazia as coisas. Tinha o cadastro limpo mas todos sabiam que ele já se envolvera em vários roubos. A encomenda foi confirmada mas o construtor garantiu que não era coisa para mais de duas horas de trabalho.

A Polícia estava perdida e sem saber o que fazer. Foi então que José Fialho, o famoso investigador, entrou em acção e, por seu conselho, o «Pantufas» foi preso.

Pede-se ao leitor que seja também um detective e resolva este caso, explicando tudo convenientemente.

 

SOLUÇÃO

© DANIEL FALCÃO