| Publicação: “O Gosto do Mistério” Data: 6 de Fevereiro de 1959 III Torneio Nacional de Problemística Policiária 
 | III
  TORNEIO NACIONAL DE PROBLEMÍSTICA POLICIÁRIA 1ª ELIMINATÓRIA – PROBLEMA
  Nº 1 O CASO DO COLAR DESAPARECIDO Autor: Bia Sotam Porque
  será que nos TORNEIOS NACIONAIS não aparecem produções de «sherlocks» de saias?... Na
  verdade, uma coisa que se tem notado em todas as secções existentes é que,
  quase sempre, as produções são feitas por homens; porquê? Será que
  neste aspecto, como em outros (não em todos), os
  homens têm mais jeito? Pensando
  nisto, e quando já faltava pouco para terminar o prazo de inscrição para o
  III Torneio Nacional, enchi-me de coragem e pensei: – Porque não envio eu uma
  produção? – Alguma terá de ser a primeira!... Bem, a
  ideia estava forjada, mas quem é que eu havia de pôr a investigar o caso…
  Sim, porque não fica bem ser eu a investigar… Na verdade estas coisas ficam
  melhor aos homens, não concordam? Estava
  pensando nestas coisas quando o meu telefone tocou! Mister…
  Io perguntava-me se eu e o SABOT já tínhamos feito a inscrição para o
  Nacional… Aproveitei logo e pedi-lhe um conselho, e realmente fiquei
  satisfeita pois deu-me uma ideia que ainda não tinha tido, talvez porque
  SABOT era ainda um «sherlock» pouco conhecido,
  estava agora a iniciar-se nestas coisas. Mas ficou assente, o investigador
  seria o meu marido. Acabavam
  de dar as 11 badaladas no relógio do Seminário, quando a campainha da nossa
  porta tocou… Cheguei à
  janela, que escaldava pelo sol que lhe batia de chapa, e olhei para baixo… Um
  homem perguntou: – É aqui
  que mora o sr. SABOT? – Sim é
  aqui, que deseja? –
  Entregar-lhe uma carta urgente! Dentro
  de momentos, meu marido, que ainda envergava o seu roupão, lia com avidez, o
  seguinte: Sr. Sabot Agradecia que viesse imediatamente à
  residência da senhora Baroneza de X… Pois acaba de
  se dar um roubo. O colar de pérolas da senhora Baroneza, desapareceu. Quem vos escreve é a criada Miquelina…
  Ainda vi o gatuno fugir pela janela da casa das jóias. Como calcula estou deveras aflita, pois
  não sei como hei-de dizer do desaparecimento da jóia quando regressar a senhora Baroneza
  e a filha, que foram a Bruxelas. Miquelina  SABOT depois de se arranjar
  convenientemente, fez subir o portador da carta para o seu carro e partiu.  Pelo
  caminho foi sabendo mais pormenores, e assim teve conhecimento de que a
  senhora Baroneza era viúva, e partira com a filha,
  havia uma semana. Dispensara o resto da criadagem, ficando apenas Miquelina e
  António (o portador da carta), com a incumbência de zelarem pelo palacete. Chegaram…
  Um edifício de dois andares dentro de um enormíssimo jardim bem tratado, e
  cercado por alto gradeamento… O portão achava-se fechado e era António quem
  possuía a chave. Miquelina
  encontrava-se sentada numa cadeira, na casa das jóias
  (assim denominada pela senhora Baroneza por ali
  estarem depositadas todas as jóias). Miquelina,
  logo que SABOT entrou, dirigiu-se-lhes nestes termos: – Oh!
  Meu senhor! Apanhe o ladrão… Que vai ser de mim quando a senhora Baroneza voltar! – Vamos
  lá a saber. Que é que você viu afinal? – Diz que ainda viu o gatuno, pode
  dar-me os seus sinais? – Mas, é
  impossível senhor! Tinha o rosto tapado por uma máscara, e eu confesso,
  fiquei de tal forma aflita, que nem gritar pude. Só passado algum tempo
  consegui reunir forças para telefonar ao António, que se encontrava no
  rés-do-chão, contando-lhe o sucedido. –
  Diga-me então quais os seus passos até eu chegar! – Os
  meus passos? Não percebo! – Sim, o
  que fez, onde foi… Todos os seus passos, percebe? – Bem,
  eu vinha fazer limpeza a esta casa, quando, ao abrir a porta vi um vulto
  fugir… Ele ainda me notou, pois vi que ele me olhava. Como disse, fiquei de
  tal forma transtornada, que de momento nem pude fazer nada, porém, logo que o
  consegui, dirigi-me ao telefone que fica logo a seguir à porta desta sala, no
  corredor, e liguei para o António. Sabe, nós temos uma ligação que nos
  permite falar para o rés-do-chão. Logo a seguir apareceu o António, dirigi-me
  então àquele armário, onde há papel e tinta, e escrevi a carta para si.
  Depois… bem, depois aqui tenho estado sentada nesta cadeira a chorar, e
  esperando que o senhor chegasse. – A
  senhora Baroneza levou muitas jóias
  para Bruxelas? – perguntou SABOT. – Não, quando
  vai para o estrangeiro leva apenas o indispensável, pois receia sempre um
  roubo… tem-se visto tanta coisa… SABOT
  olhou para toda a dependência; dois móveis, um armário, algumas cadeiras e
  dois «maples» naquela sala pequena de duas janelas. Querendo
  ver a altura que ía da janela ao solo, SABOT abriu
  a janela e olhou para baixo… Logo a
  seguir estava descoberta a chave do mistério! O que
  SABOT viu, foi o suficiente para descobrir tudo. Quando a
  Baroneza chegasse, o colar estaria já no seu devido
  lugar. PERGUNTA-SE: Que viu
  SABOT? Houve
  algum procedimento que lhe pareceu estranho? Qual? | ||||||||||||||||||||||||||
| ©
  DANIEL FALCÃO |  | ||||||||||||||||||||||||||