| Autor Data 13 de Outubro de 1977 Secção Mistério... Policiário [135] Publicação Mundo de Aventuras [211] | Solução de: CRIME PREMEDITADO Vingador Negro …Depressa
  começou o correr desordenadamente, tropeçando aqui e ali, e, numa agitação
  perpétua babava-se como uma criança recém-nascida. E eu, em gargalhadas
  vingativas disparava na direcção dos seus pés, obrigando-o a saltar como uma
  lebre… Por
  fim lá conseguiu chegar à sua viatura… Entrou e recortou-se… As mãos tremiam… Sai
  do esconderijo e alcancei o carro… A janela estava aberto e, tal como
  pensara, o sr. N arfava… A mão esquerda parecia querer amparar o coração… A
  pulsação cavalgava… Os olhos abertos, dilatados… De luva calçada apertei-lhe
  o nariz e tapei-lhe momentaneamente a boca… A reacção foi instantânea…
  Soergueu-se e depois caiu… A cabeça no encosto do banco… A vingança
  cumpria-se… Como
  todos verificaram, o sr. N sofria do coração. Tendo isso em conta, preparei
  tudo para dar a entender às autoridades que ele morrera de um ataque
  cardíaco. Para tanto, preparei toda a engrenagem, conseguindo que ele
  corresse assustado e não pudesse resistir ao colapso… Uma falha cardíaca… Por
  outro lado, não há possibilidades de suspeitos, nem pistas. No solo rochoso,
  os pneus dos carros, e os nossos calçados, não deixavam marcas… Solução
  apresentada por Godévora Depois…
  o sr. N ouvindo-me, e vendo a minha fuga numa corrida tão louca, não pensaria
  duas vezes para me imitar… se, por acaso, o susto não fizesse logo o que eu
  esperava num coração tão doente. Porque, a corrida iria acabar o que o susto
  tinha começado um ataque cardíaco. O coração doente não aguentaria os pulos
  do momento e isso o iria sufocar.  Precisamente
  neste ponto dos meus pensamentos, não pude conter um risinho de satisfação
  pelo meu «crime perfeito» e… foi também nesse preciso momento que, aliado a
  um ruído nas minhas costas, ouvi uma voz:  –
  Quem és tu?...  Voltei-me
  de repelão, colhido de surpresa pelo inesperado do caso e… antes de me
  desiquilibrar daquelas alturas, ainda vi a cara do senhor Ás que me gritava: –
  Cuidado!...  Voltei
  a mim estirado nas rochas do fundo do precipício, sem me poder mexer, e, com
  as dores, um formigueiro o percorrer-me o corpo todo… Junto a mim, o senhor N
  dizia para o senhor Ás: –
  Tem a espinha partida… Nada lhe podemos fazer!...  Estava
  incapaz de falar mas os meus pensamentos foram, por ironia do Destino (?),
  para aquele Deus em que não queria pensar antes… É que, ali, naquele
  derradeiro momento, sabendo que morria:  –
  «O Destino depende de nós?...»  –
  «O glorioso Deus nada faz?...»  Depois…
  a escuridão… e… o silêncio!... | 
| © DANIEL FALCÃO | |
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