Autor

Autor não identificado

 

Data

Agosto-Setembro de 1981

 

Secção

XYZ-Policiário [11]

 

Competição

I Campeonato Nacional de Problemas Policiários

Problema nº 4

Etapa de Évora

 

Publicação

XYZ-Magazine [15-16]

 

 

Solução de:

O CASO DO COMENDADOR MORTO

Autor não identificado

 

1º – O ladrão e assassino do Comendador Brochado foi seu sobrinho e secretário ALBERTO BROCHADO. Foi conivente, pelo menos no assassínio, a criada-cozinheira ALICE CURADO.

2º – Baseio as minhas deduções nos factos seguintes:

a) ALBERTO, disse no seu depoimento que fora ele, a pedido do seu tio, quem registara a pistola. É falso, pois uma arma de bala com aquele calibre (7,65) não é autorizada em Portugal, pois a lei estipula que o uso de armas de bala só é permitido até ao calibre 6,35. (Há excepções como a polícia e forças militarizadas, o que não é o caso.)

Além de mais, quem senão ele teria acesso ao escritório para poder executar os roubos. E só sendo o sobrinho, o comendador seria capaz de esconder os roubos. A ser qualquer dos criados, chamaria a polícia, como respeitável cidadão que era e despediria o ladrão.

b) ALICE, nas declarações prestadas afirma que por curiosidade espreitara pelo buraco da fechadura e vira o cadáver (ou o sr. Comendador) tombado no chão. É também falso, pois através de um orifício com as medidas de 13x7,5, só se começa a observar (contar com a espessura da porta) a partir de, no mínimo, 1,5 metros. Ora o cadáver estava a 1 metro da porta…

O caso deve ter-se passado mais ou menos da seguinte maneira:

O Alberto já há tempos que roubava o seu tio. Este quando notou que já era demasiado (note-se que escreveu a vermelho na agenda «que continuava a ser roubado»), deve tê-lo chamado ao escritório. Possivelmente ameaçou-o com a cadeia ou outros castigos, o que levou o Alberto a puxar da sua pistola (com certeza que era dele, pois o Comendador não iria possuir uma arma ilegal) e matá-lo. Deve ter ficado deveras preocupado quando verificou que o matara. Nesta altura deve ter chegado a Alice que, a meu ver, saberia dos roubos ou era sua amante, o deve ter aconselhado a simular um suicídio. Inexperientes no crime limparam as impressões digitais e combinaram o resto do cenário.

Contra os outros dois habitantes da casa nada há que prove o contrário das suas declarações.

© DANIEL FALCÃO