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Autor Autor não identificado Data Julho/Agosto/Setembro de 1980 Secção XYZ-Magazine [5] Publicação XYZ-Magazine |
A MORTE ENTROU NA «SALA DE OPERAÇÕES» Autor não identificado Romar,
o médico, debruçado sobre o doente, ia utilizando os mais variados objectos
comuns a uma operação, enquanto o seu colega, Poimet, agora seu ajudante, o
observava atentamente. Este admirava-se que Romar, o operador que ele
conhecia tão meticuloso, concordasse em levar a efeito tão melindrosa
operação, numa casa como aquela, sem luz suficiente e onde, mesmo em frente,
a uns escassos 5 metros, quatro homens falavam em voz baixa, depois de
comerem uma refeição frugal, sem sequer se dignarem lançar um olhar de receio
ou de admiração. Fora
preciso salvar uma vida em perigo, e não se poderia pensar em hospitalizá-lo.
Perdida a mínima fracção de tempo e a morte rondaria. Que importava que lhe
interessasse essa morte? Ah! bastaria um simples deslize, e Romar receberia o
avultado seguro de vida que o velho lhe legara. Aproximaram-se
os últimos momentos da operação. Romar ficou por momentos a olhar o seu
trabalho, com o bisturi numa das mãos, enquanto Poimet acabava de enrolar uma
ligadura. Aproximaram-se da mesa, Romar pousou o bisturi e suspirou aliviado;
Poimet encheu a transbordar um copo de vinho e os circunstantes olharam
interrogativos. Subitamente a luz faltou… Na escuridão alguém se mexeu…
Ouve-se uma respiração mais forte do paciente e… a luz voltou. Todos
estavam nos lugares que ocupavam antes da luz se apagar, contudo, o operado
tinha uma faca cravada no peito… Poimet
bebeu o vinho do copo que ainda conservava na mão, intacto… Todos se
levantaram. Era preciso chamar a polícia… Esta
examinou a arma que provocara a morte. Era uma faca, de cabo pesado, de mesa.
Via-se perfeitamente pela inclinação e pela violência da penetração que fora
arremessada. Não tinha impressões digitais, apesar do cabo metálico ser
benéfico para essa colheita. A morte fora instantânea, porém, quem fora o
criminoso? Qual deles? –
Qual deles? – perguntava a si mesmo, o polícia. Qual
a posição que ocupavam na mesa, comprida e estreita? Foi
d’Astier que respondeu a esta última pergunta: – À minha direita e por ordem,
estavam, tenho a certeza: Pierre, Albert, Paul, Bonoit e o dr. Romar. Bonoit,
pálido e gorducho, gemeu: – Eu tinha interesse nesta morte – todos nós
tínhamos interesse… Mas não matei! Eu estava de costas. Paul,
por sua vez, declarou: – A faca que o matou é a minha – desapareceu daqui… Pierre
era o mais novo. Tinha perdido a calma e repetia continuamente: –
Eu não fui. Não! Eu estou inocente… Albert
sentou-se descansadamente e declarou com cinismo: – Ora, outro fez o
trabalhinho que eu podia ter feito… e bem «limpinho»! Não… não fui eu – a morte veio no escuro. O
polícia observava: a calma de Romar, Poimet e d’Astier; o sorriso ameaçador
de Paul; o pálido Bonoit e o choroso Pierre. Desde logo pôs de parte que o
assassino tivesse vindo de fora. A luz apagara-se ocasionalmente e só por
casualidade, também, o homem fora assassinado. Examinou os conteúdos dos
bolsos dos presentes sem encontrar nada de notável. Depois dirigiu-se a passo
lento para o telefone, discou um número e empunhando uma pistola: – Está lá?…
É o Chefe? Sim, um homem morto… sei quem foi o assassino… 1º
Quem foi o assassino? 2º
Como confirma a sua opinião?
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© DANIEL FALCÃO |
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