Autor Data 6 de Julho de 2003 Secção Policiário [625] Competição Campeonato Nacional e Taça de
Portugal – 2002/2003 Prova nº 9 Publicação Público |
Solução de: MISTÉRIO NA CASA DOS BIGODES Paulo Há apenas duas hipóteses
relativamente ao que se passou: A – Alguém agrediu Antonino
e roubou o colar. B – Antonino simulou a
agressão para receber o dinheiro do seguro. A hipótese A é arredada a
partir do momento em que se vê que Antonino mente, e que conta uma história
impossível de se passar da forma como ele conta. Como poderemos chegar a
essa conclusão: 1. Antonino refere que
estava recostado quando foi agredido. 2. Narciso Morais também se
recostou e verificou que o encosto da cadeira subia acima da sua cabeça. 3. Quando saía da casa,
Narciso teve que baixar os olhos para ver a nuca de Antonino. 4. Como consequência,
Antonino ainda é mais baixo que Narciso Morais, logo a sua nuca estava
completamente protegida pelo espaldar da cadeira. 5. Deste modo era impossível
ele ter sido agredido com uma pancada na nuca. Além disso, a posição da
cadeira não permitiria que ninguém entrasse na biblioteca sem que Antonino se
apercebesse, quer fosse pela porta ou pela janela, entradas do compartimento
que já vimos estarem bem “vigiadas”. Provado que está que
Antonino mente, também o móbil do crime está encontrado. Receber a
indemnização da seguradora e depois vender o colar, duplicando os seus
ganhos. Neste momento duas novas
hipóteses se nos colocam: I – Antonino agiu sozinho. II – Antonino teve um ou
mais cúmplices. A primeira possibilidade
fica eliminada, se considerarmos que, sem ajuda, o colar não poderia ter
saído da biblioteca. Como Antonino teve que se despir, não aparecendo o
colar, nem a busca da polícia o fez aparecer, temos que concluir que o colar
saiu da sala com ajuda de alguém. Quem teria ajudado
Antonino. Narciso Morais confirmou as
incompatibilidades entre os irmãos, e mesmo que um deles se prestasse a
ajudar Antonino, a cumplicidade de dois já era improvável. No entanto, a
cumplicidade de um dos irmãos era impossível, pois todos eles tiveram sempre
os seus movimentos controlados por pelo menos outro dos irmãos, de tal forma
eles se colocaram, vigiando Antonino e vigiando-se uns aos outros. Assim, Antonino não
conseguiria desfazer-se do colar, fosse pela varanda ou pela porta da
biblioteca sem contar com um cúmplice. O cúmplice foi o criado
Adélio Barbas, que teve oportunidade de transportar o colar para fora da
biblioteca dentro do bule. Enquanto tomou o chá, com a porta fechada,
Antonino colocou o colar dentro do bule. Mandou depois Adélio sair,
provavelmente com o objectivo de ocultar o colar,
embora arranjando-lhe o álibi da compra dos cigarros. Falta explicar o hematoma
de Antonino. Se considerarmos a sua mania de andar debaixo das mesas,
facilmente se explica uma pancada na nuca, provavelmente obtida no dia
anterior ao da simulação do roubo, que lhe deu a ideia para simular um
ataque. Colocou dois cabelos no
taco e fingiu estar desmaiado na hora em que combinara que Adélio
regressaria, pois sabia que os irmãos não se atreveriam a entrar no
compartimento. Depois foi só fingir que recuperava a consciência, e inventar
o episódio da agressão. |
© DANIEL FALCÃO |
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