Autor Data 22 de Junho de 1978 Secção Mistério... Policiário [171] Competição Problema nº 9 Publicação Mundo de Aventuras [247] |
Solução de: AMIGOS, AMIGOS… O Gráfico 1
– O assassino foi Seugirdor. 2
– a) Havia necessidade de fazer referência ao Feriado Nacional, de 15 de
Agosto de 1977, pois os carteiros dos CTT não fariam nesse dia qualquer
distribuição de correio e os próprios Correios estão fechados… b)
Porque no texto havia duas possíveis «causas do crime», havia que atribuir ao
criminoso a sua. No caso do Seugirdor – fora o
ciúme… c)
Porque a vítima tinha «um buraco redondo e limpo a perfurar-lhe a fronte… O
sangue era pouco…». Havia que justificar o porquê daquele registo do
investigador, chegando à conclusão (quem tenha lido a «Polícia Científica» ou
os «ABC Policial», do dr. Varatojo) de que fora um
tiro disparado entre dois e quatro metros, por uma pessoa «insuspeita» para a
vítima… d)
Finalmente, sabendo-se o mês, havia que falar na possibilidade ou
impossibilidade de se regarem as batatas e os tomates… Solução
apresentada por Zé Amigos,
amigos… com licença! Com «amigos» daqueles não vai um tipo longe. Olha se um
dos meus amigos de pesca resolve fazer-me, a mim, o que o Rodrigues fez ao Felizardo!!!... Felizardo é como quem diz, porque: a)
1.o – O autor chama-lhe Odrazilef o que
lhe dá um ar exótico, assim a modos que oriental – polaco, checoslovaco ou
para esses lados!... b)
2.o – Não se pode considerar felizardo um tipo que é morto assim,
logo de manhãzinha… Que raio de maneira de começar o dia, hem! É o que se
chama meter uma coisa na cabeça de outrem, pela via mais directa
e mesmo à força. Safa, é melhor passar a chamar-lhe Odaraza
que lhe quadra muito melhor ao tom da pele!!! Bom,
deixemo-nos lá de especulações mais ou menos mórbidas e passemos aos factos. O
facto é que – Pum! O Odrazilef era uma vez! E
agora que temos uma vítima urge encontrar o criminoso. Não é difícil. Foi o Seugirdor, outro nome ao contrário, este com um sabor
mais húngaro, com czardas e tudo!!! Siga a música! Pois
o amigo (salvo seja!...) Rodrigues ao contrário (eu cá sou portuguesinho de
cepa. Cepa e bago, ora essa! Sobretudo bago espremido e fermentado… Só!
Porque bago destilado é lá com os meus amigos «Sete» e Detective
Misterioso que em termos de bago destilado, com licença, 3 pontinhos…
reticências! Andando que se faz tarde!); pois o amigo Seugirdor
mente que nem um ruim vilão! (Ó «Sete», esta é que é mesmo de 5.o acto de um dramalhão dos antigos!...). E quem mente… é
mentiroso! Irra que hoje estou cheio de veia Lapalissiana!
Quem mente, nestas coisas de problemas policiários, está tramado… É logo
candidato n.o 1 à Comissão de Moradores
da Penitenciária de Lisboa (Ora até que enfim que saiu uma original… Já
conhecia esta, «Sete»?). E porque mente o mentiroso? (Sem comentários!).
Porque é mentiroso! Toma lá esta! E
é mentiroso, meus senhores, porque mente! Aí valente… Até pareço um deputado
na Assembleia a dizer coisas tão profundamente profundas! E
é mentiroso, porque, meus senhores, mente… (Ó
pá, cala o rádio!) Ora
o indígena da terra dele diz que se levantou cedo para ir para as hortas
(Onde é que eu já ouvi isto? Nalgum fadinho dos castiços, ‘tá visto!) regar a
hortaliça, que é como quem diz, as batatas e os tomates!!!
Ó «Sete», é o que lá vem escrito, não sei para que
se está a rir!... Diz o homem que regou lá essas coisas e recebeu o correio
para ler a carta da miúda. Aí, parou! O caso passou-se em 15 de Agosto do ano
de 1977 (como se vê na capa do dossier). E vai daí, nesse dia, foi Feriado
Nacional e os CTT não trabalham nos feriados (nem em outros dias que não são
feriados, mas isso não é desta música!) Logo, o ignóbil cavalheiro mentiu.
Tenho dito! Mentiu,
sim, meus senhores e a mentira, irmãos meus, é um
pecado. Mente
porque é um criminoso assassino! E ele a dar--lhe!... Já disse para
desligarem o rádio! Matou
por vingança, por despeito, por dor de «corno», em bom português.
Roubaram-lhe a pequena! Um caso de amor desencontrado. A ama B; B ama C, logo
A mata C… E esta? Agora dá-me para a Filosofia, hem!... O
tipo pensou-a bem. Como o Leunam queria caçar um
emprego no género do da vítima, nada mais propício para o incriminar do que
matar o Odrazilef e deixar que as pessoas pensassem
que fora o Leunam. Tanto mais que este e o Siul iriam buscá-lo de manhã. Ora
o criminoso entra na casa da vítima com a maior das calmas (até tem a chave!),
surpreende-a preparada para ir para a pesca (daí a sua indumentária!), «arrefinfa-lhe» um balázio na caixa das minhocas (Cabeça,
entenda-se) aí a uma distância entre 2 a 4 metros (ferida de buraco redondo e
limpo) e sai, calmamente, à espera que culpem o outro (ou outros!). Só
que Leunam está «limpo». Estava no café (e há
dezenas de cafés abertos nos dias feriados). Aí teria certamente testemunhas
(o Siul e o Seugirdor
podem comprovar que o foram chamar lá). Seja como for, não há nada que o
incrimine. No
Siul também não se vê nada que o incrimine nas
declarações. Quanto
ao fato envergado pela vítima, nada tem de especial. Trata-se de uma vulgar
indumentária de pescador!!! E o homem ia para a
pesca, já está dito. Ainda
voltando ao Seugirdor, há algumas coisitas erradas
nas suas declarações (ou, pelo menos, pouco correctas).
Primeiro, o facto de o fulano estar com baixa e trabalhar em casa não é,
infelizmente, motivo de reparo, tão corriqueiro o facto é. Porém, num
problema policiário, pode valer algum pontito, sei lá!!!...
E até ajuda a justificar o facto de o criminoso se esquecer que o 15 de
Agosto foi feriado. Com baixa, habituado a estar na sorna, para ele todos os
dias eram «de férias»… Nem se apercebeu que era «feriado»
e não havia correio… Também o próprio estado de nervosismo do crime o ajudou
a baralhar-se. E
as tais «hortaliças»? Ora bem. Os tomates não se semeiam nessa época, é um
facto. Porém, ou isso é mais uma «galga» que incrimina o Seugirdor
ou então até pode nem ser. Pode muito bem acontecer que haja alguma variedade
de tomates que se plantem nessa altura, tal como as batatas (há tantas
variedades de legumes!!! E depois, onde estamos?...)
ou então o irmão do fulano poderia perceber tanto de agricultura como eu e
ter plantado tomates e batatas fora dos tempos. Não é proibido!!!
Se crescem ou não, isso é problema de quem os planta… Porém, com esta
história dos «pontinhos» é preciso um tipo estar atento e responder a tudo.
Há sempre um pormenor desconhecido que espera por nós! E
pronto. Mais um problema de O Gráfico, feito com a habitual honestidade do
produtor. Não será dos mais brilhantes do autor mas está correcto.
Não há rasteiras, nem subtilezas. O que é, é. Eis
uma virtude desse jovem, tão bom como decifrador como camarada. Um dos
melhores! Para ele vai o meu abraço «Ad Hoc». E o do
costume para o «Sete». A propósito, amigo «Sete»: é muito feio não responder
à correspondência (2 ou 3 missivas!) dos amigos. Está, porém, perdoado. |
© DANIEL FALCÃO |
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