Autor

Mr. Dartur

 

Data

12 de Abril de 1957

 

Secção

O Gosto do Mistério [4]

 

Competição

Torneio Policiário da Flama

Problema IV

 

Publicação

Flama [475]

 

 

 

 

 

 

 

O ROUBO DOS PLANOS FL 16

Mr. Dartur

 

Pinto Nunes que acabara de fazer o seu voo de experiência às mais altas camadas da atmosfera, com o velocíssimo FL 14, aterrou impecàvelmente na pista 2-2. O aparelho desliza ainda durante alguns minutos no solo negro da pista e imobiliza-se por fim, sobre as suas oito rodas. Os carros de serviço correm ao encontro da aeronave e, dum potente «UNIMOG» é lançado um cabo de aço, com o qual o avião é rebocado para o seu «hangar».

Recebido por dois colegas, o aviador abandona a cabine de pilotagem, no que é dificultado pelo peso e pela complicação do seu fato de voo.

Já de pé na pista e felicitado pelos amigos, o piloto toma lugar no «Jeep» que Manuel Bento, o engenheiro superior lhe indica. Armindo, o ajudante do cientista toma o lugar de condução e guia velozmente, para o bloco de edifícios pertencentes à fábrica, parando junto ao gabinete «E», onde os três amigos entram, com o fim de apreciar alguns pormenores dos planos para o novo motor, de reação a empregar no F.L. 16, destinado a bater o anterior e estabelecer um novo «record» de altitude e velocidade em voo vertical.

Após alguns momentos de conversa sobre assuntos de particular interesse, e saboreando algumas taças de deliciosos refrescos, o engenheiro superior aproximou-se do grande cofre e abrindo-o, extraiu dele os planos FL 16.

O piloto fica maravilhado com a perfeição dos projectos, e conversa interessadamente com o inventor.

Armindo é de vez em quando chamado a dar a sua opinião, e assim se conversa durante perto de uma hora.

Sempre com grande interesse, o aviador escuta as palavras do cientista e do ajudante, sentados um de cada lado da mesa de madeira boa e valiosa. Do lado oposto àquele onde se senta, o piloto, na cadeira vaga, está apenas uma pequena pasta que o ajudante do cientista ali colocara, a seu lado.

Em determinada altura, os três presentes sentem que o ambiente começa a ficar pesado e que um cheiro estranho principia a invadir o aposento, apesar de a porta por onde os homens entraram não ter sido fechada. Um forte ardume começa a fazer-se sentir nos olhos, o que obriga os homens a fechá-los, ao mesmo tempo que se sentem sufocar. Repentinamente, o que eles pensaram serem gases lacrimogéneos tornaram-se mais densos, como se fortes bombas fossem de súbito misteriosamente lançadas.

Sem ver, porque a densidade dos gases o não permitiam, o engenheiro procurou sobre a mesa, às apalpadelas, os planos do motor, mas já os não encontrou. Adivinhando que a origem dos gases está sob a pequena mesa, mas porque nada conseguem ver à sua volta, os três homens lançaram-se ao chão e rastejaram até à porta, movimentando-se penosamente e esfregando os olhos a cada momento. A porta, quando ali chegam está ainda aberta, sem contudo ter evitado a acumulação dos gases.

 

Marcos Dias, o detective privativo da fábrica é chamado, pois desconfia-se que o desaparecimento dos papéis seja devido a qualquer potência estrangeira, tanto mais que o piloto, talvez pela sua agilidade e robustez, o primeiro a chegar à porta, afirmou ter visto um homem afastar-se a correr e entrar num carro que se encontrava a alguns metros.

Os outros dois, disseram que efectivamente ouviram o carro afastar-se. E o porteiro da base confirmou que àquela hora atravessara a porta D, devidamente credenciado, o carro dum mecânico da fábrica, que o mesmo conduzia.

Horas depois, o mecânico foi encontrado e trazido à presença do investigador, protestando a acusação e apregoando a sua inocência.

O jovem detective examinou de novo os apontamentos que tomara durante as declarações dos homens, e a descrição do caso feita pelos mesmos.

E depois, sem vacilar, acusou-o…

 

PERGUNTA-SE

Quem é que Marcos Dias acusou?

Em que pormenores se baseou o investigador, para resolver o mistério?

 

SOLUÇÃO (em breve)

© DANIEL FALCÃO