Autor Data 5 de Abril de 1957 Secção Competição Problema III Publicação Flama [474] |
ALARME NA ZONA D Mr. Dartur São duas horas
da madrugada, quando a luz de alarme se acende e as campainhas soam, na
esquadra da zona. O sargente de serviço aproxima-se do painel de localização,
cravado na parede e vê que a luz acesa é a de aviso correspondente ao Banco
Internacional. Com a sua voz
forte, o polícia corre, gritando as suas ordens, através da esquadra. Momentos
depois, uma patrulha motorizada parte para o edifício alertado, enquanto um
agente policial telefona a Marcos Dias, jovem detective
substituto do inspector Ratinho, enquanto este goza
as suas curtas férias, numa praia italiana. Àquela hora da
madrugada, o movimento na cidade quase não existe. Apenas de
longe a longe um carro passa, veloz. É talvez um médico no cumprimento
da sua nobre missão, com urgência chamado para salvar uma vida… ou, quem
sabe? um malfeitor fugindo ao castigo eminente que
mais cedo ou mais tarde terá que sofrer. Quinze minutos
após a chamada, o detective e alguns polícias
entram no estabelecimento bancário que fora assaltado por dois homens mascarados,
segundo a afirmação do funcionário que dera o alarme. O chefe
contabilista jazia, morto por uma bala que lhe entrara no peito e lá ficara
alojada. O corpo estava caído de bruços, com a cabeça voltada para o lado do
balcão. Este balcão, de pouca altura, dividia a sala em duas partes, uma das quais destinada ao pessoal de serviço, e a outra, aos
clientes. A pequena
porta por onde o detective entrou, curvando-se,
para junto do cadáver, abria-se num dos extremos do balcão, sobre o qual se estendia
até ao tecto, e em todo o comprimento da sala, uma
vasta vidraça que reflectia a luminosidade das
quatro lâmpadas acesas. Pela sua
atenta observação, Marcos Dias concluiu que nenhum projéctil
atingira qualquer dos vidros, que só eram rasgados logo acima do balcão,
pelas aberturas circulares destinadas à comunicação entre funcionários e
clientes. Pelo calor que o cadáver sustentava ainda, o investigador avaliou
que o crime fora praticado, mais ou menos à hora do alarme. Terminado este
exame indispensável, o detective chamou junto a si
o funcionário que avisara a polícia e fez-lhe algumas perguntas, às quais o
homem assim respondeu. – Eu e o
Aurélio estávamos a fazer serão, quando um automóvel negro ali parou, em
frente à porta. De repente, um dos mascarados entrou sem nós sentirmos, e
ameaçou-nos com a pistola. Tanto eu como o contabilista erguemos os braços e
assim nos mantivemos, olhando para o homem, enquanto ele nos mirava, com o
dedo no gatilho. «O meu colega
aproveitou um momento em que o ladrão parecia mais entretido a esvaziar o
cofre e voltou-se, para empunhar uma pistola que estava oculta, entre uns
papéis, sobre uma das secretárias. De súbito, ecoou um tiro e o meu amigo
caiu imediatamente, sem sequer soltar um grito. Aterrorizado, eu fiquei
imóvel e o assaltante continuou a recolher o dinheiro, sem deixar de me
manter na mira da sua arma». «Quando o
cofre ficou vazio, o homem aproximou-se da saída, recuando e ameaçando matar-me,
se eu fizesse qualquer gesto duvidoso. Eu, nem tinha coragem para me mexer. Só
quando senti o carro afastar-se, a grande velocidade, é que me aproximei do
alarme e o fiz funcionar». «Fiquei tão
aterrorizado, ao ver o meu amigo caído, que nem tive forças para me aproximar
dele, a certificar-me se estava ou não morto. Preferi ficar à porta, até que
os senhores chegassem». Marcos Dias
ouvira tudo isto, enquanto uma parte da sua atenção passeava por toda a sala.
Ficou satisfeito com o rumo das suas investigações e tratou de dar solução ao
caso, para mandar ao castigo o autor daquele crime que, como todos, não
poderia ficar impune. E é tão certo,
bem o sabemos, que quando a justiça dos homens não o consegue, a justiça de
Deus se encarrega de castigar todo o mal. Pergunta-se: O depoente
teria falado verdade? Qual a solução que Marcos teria dado?
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© DANIEL FALCÃO |
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