Autor Data 15 de Julho de 2025 Secção Competição 1º
Torneio Policiário Português Suave - Simplex Problema nº 6 Publicação Blogue Momento do Policiário |
A CAUSA DA MORTE MDV Diniz deixava a sua cadela golden retriever sair todas as manhãs para vasculhar o terreno do parque estatal até ela esgotar o instinto exploratório. Fany era uma boa cadela e voltava sempre passado uma hora. Hoje Diniz olhou para o relógio e reparou que Fany tinha saído há muito mais tempo. Ele espreitou pela porta das traseiras e chamou-a. Depois assobiou, mas ela não deu sinal. – Não podia ter escolhido uma manhã mais quente para uma caminhada longa miúda? – resmungou ele enquanto vestia o casaco e calçava as botas , para depois avançar com passos pesados pelo terreno alagadiço à procura dela . De tantos em tantos passos, Diniz ia chamando: «Fany!» E lá se ia arrastando até à beira da água. Fany era retriever , era recolectora, e muitas vezes regressava a casa com um presente especial para ele, na boca , em geral um animal . Por isso Diniz tinha um mini-cemitério atrás da garagem, cheio de patos, texugos e outros animais que morreram de uma forma ou de outra na floresta. Quando ele chegou à margem, avistou Fany a pouco menos de 50 metros. Ela estava a farejar qualquer coisa que dera à costa; algo muito maior que um pato. – Fany – chamou Diniz. Ela olhou para cima, ganiu e abanou a cauda, mas não se afastou do seu tesouro. Diniz caminhou pela gravilha da margem até se aproximar o suficiente para ver o que ela tinha encontrado. Ao chegar, assobiou de espanto. Depois prendeu a trela de Fany ao anel da coleira, ligou o telemóvel e telefonou para a esquadra da Polícia. – Temos uma flutuadora, Prazeres – disse ele a quem atendeu. – Uma mulher. A cabeça e membros estão muito desfeitos. Não tem roupa. Tem uma aliança na mão esquerda. Parece ter estado na água durante muito tempo. Tem uma tatuagem de uma borboleta na base das costas. Quando a equipa de agentes chegaram, tiraram fotografias ao corpo muitíssimo decomposto da mulher. Inspector Prazeres, de costas voltadas para a vítima. Aquela visão deixava-o mal disposto. Ele tornara-se Inspector daquele burgo adormecido porque não tinha qualquer interesse em resolver casos de mortes como esta. Depois de uma inspeção visual, o médico-legista disse: – Nesta altura do ano, a água está muito fria. Pode estar aqui há mais tempo. Mas parece ser mais ou menos isso. – Bem, vou precisar de algum tipo de estimativa para começar a analisar as participações de pessoas desaparecidas – disse Inspector Prazeres, enquanto fumava um cigarro para controlar os nervos. – Consegues dizer-me alguma coisa sobre a causa da morte? O médico-legista virou o corpo com muito cuidado. O rosto da mulher, ou o que restava dele, tornou-se bem visível. – Parece-me muito óbvio – afirmou Diniz. Qual acha que teria sido a causa da morte? Justifique a sua resposta! |
© DANIEL FALCÃO |
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