Autor Data 6 de Setembro de 1959 Secção Na Pista do Culpado [18] Competição Torneio
de Homenagem ao Policiário Português Problema nº 10 Publicação Ordem Nova |
NA ESTEIRA DE “SHERLOCK H0LMES” Márvel
Jofer e Vasil, um
debruçado sobre o ombro do outro, liam com interesse um original acabado de
receber de um dos concorrentes da sua secção: Chovia torrencialmente. Num
último arranco, os três jovens alcançaram finalmente a entrada, onde os
esperava o dono da casa e seu filho Jacinto. O trio, Tomás, Maria e Adelino,
escorriam água por todos os lados. – Entrem, entrem – convidou
o senhor Castro, pai de Adelino. – Venham para a lareira aquecer-se. – Não há tempo – disse um
dos três. – O combóio está prestes a partir. Aqui o
Adelino vai levar-me à estação. – Mas, assim… – Assim mesmo. Não posso
perder o último combóio para o Porto. Adelino fora buscar a moto,
em que ambos tomaram lugar. – Até breve – foi a
despedida. Por entre a chuva que
continuava a cair com violência, a moto afastou-se, levando os seus
ocupantes. À porta da vivenda, três pessoas ficaram a olhá-los, até que
desapareceram do seu alcance visual. – Entremos – disse o senhor
Castro. – Está frio aqui fora. E deu ele próprio o
exemplo. O filho fechou a marcha. – Cuidado – recomendou
este. – Vê lá se cais neste degrau, como ia acontecendo há bocado a meu pai. Ao mesmo tempo que proferia
estas palavras, Jacinto estendeu o braço, numa ajuda que foi aceite.
Penetraram numa sala onde Castro pai preparou três bebidas. – É pena que não haja aqui
roupas próprias para trocares por essas. -lamentou ele, - Salvo se… – Não se preocupe comigo.
Daqui a pouco regressa o Adelino e num instante chegamos a casa. O senhor Castro pousou o
copo num gesto súbito. – Ah! É verdade. Ainda não
preparámos o embrulho que vocês vão levar. Vamos a isso, Jacinto. E tu, não
te importas de ficar aqui só? – Se me garantirem que aqui
não há fantasmas, não. Pai e filho saíram ainda
risonhos. Finalmente, só!
Levantou-se. Imobilizou-se por momentos. Dirigiu-se para uma escada. Subiu-a.
Abriu a porta. Era o atelier do conhecido desenhador
Castro. Entrou. Acercou-se e examinou um pequeno movel-cofre.
Tirou o grosso casaco que quase lhe tolhia os movimentos e colocou-o sobre a
mesa, coberta de papéis, manuscritos a tinta verde e com desenhos elaborados
a tinta da China. Pegou num molho de chaves, num
papel com caracteres escritos, reaproximou-se do cofre… Soltou um suspiro de
meio-alívio. “Aquilo” estava acabado. Com um lenço apagou as impressões
digitais no cofre. Guardou as chaves e o papel, pegou no casaco e
encaminhou-se para a porta. Com o pano limpou o puxador do lado de dentro.
Fechou o aposento e limpou o puxador do lado de fora. Desceu. Não valia a
pena apagar as possíveis marcas digitais no corrimão. Não deixara pègadas. Certificara-se. As prováveis gotas que tivessem
caído do seu vestuário – embora duvidasse que isso tivesse sucedido – não
deixariam sinais na madeira velha de que era feita aquela vivenda campestre. O suspiro que agora lhe
escapou do peito, era de alívio completo. PERGUNTA-SE: – Qual o nome do ladrão? –Terá deixado algum indício
que possa, possivelmente, acusá-lo? Justifique a resposta. |
|
© DANIEL FALCÃO |
||
|
|