Autor

Excalibur

 

Data

7 de Julho de 1995

 

Secção

O Detective - Zona A-Team [242]

 

Publicação

Jornal de Almada

 

 

Solução de:

O QUE DÁ A SEMENTE MAL SEMEADA

Excalibur

Solução apresentada por K. O.

Vou directo ao assunto, como diria o Inspector Américo.

1. Qual dos três, ou mais, foi o assassino? Como creio que o “ou mais” não foi, o assassino terá sido um dos outros três, ou o 1º, ou o 2º, ou o 3º dos interrogados. E inclino-me para o 2º.

2. Porquê?

Poderíamos seguir o método da exclusão de partes: se a dois não é imputável o crime, então o criminoso é o que resta (neste caso, o 2º suspeito. Porque diabo não deram nomes aos suspeitos, dificulta tanto a exposição!).

E esses dois podem ser considerados inocentes, porque os seus depoimentos são lógicos e fidedignos (embora as nêsperas que o 1º comeu fossem bastante precoces, por estarem maduras em Janeiro!).

A culpabilidade do 2º suspeito é ainda reforçada pelas contradições e inverdades que polvilham as suas declarações. A saber:

1. A Capital, sendo um vespertino, não deveria ser comprado de manhã, como o suspeito diz que fez (a não ser, e é inverosímil, que ele gostasse de ler jornais com noticias requentadas).

2. Os dióspiros não podiam estar, de forma nenhuma, maduros em Janeiro. De acordo com um entendido (e produtor), a flor começa a surgir lá pela Primavera, as pétalas caem pelos fins de Abril/Maio, e o fruto está comestível lá para os finais do Verão, Setembro (+/-).

3. “Ando à rasca da garganta do pó do terreno, que é muito arenoso” (disse o suspeito). Mas como é que podia haver assim tanto pó pelo ar, se, até há 2 ou 3 dias atrás, “enjoava todos os dias a chover a potes”. Por mais arenosa que a terra fosse, devia estar era fortemente enlameada da chuva ininterrupta.

Mais urna mentirola do 2º suspeito.

Diga-se, de resto, a talhe de foice, que, a haver pó no ar, isso seria também comprometedor e incriminatório, pois que os seus efeitos sobre a garganta do cavalheiro resultariam do abrir e fechar da cova onde foi enterrado o cadáver.

E pronto, eis como o 2º suspeito se tornou no único culpado.

© DANIEL FALCÃO