Autor

Eureka

 

Data

15 de Abril de 1989

 

Secção

Sábado Policiário [171]

 

Publicação

Diário Popular

 

 

DESCOBRINDO

Eureka

 

Eram quatro naus de portugueses

Que de Lisboa haviam partido,

Já fazia tantos meses,

E ninguém adivinhava o sucedido.

 

Foi numa noite de acalmia

Depois de passar o Boa Esperança,

Que o fogo uma nau destruiria

Com altas labaredas na sua dança.

 

Como foi que começou,

Ninguém podia entender

Pois o raio que a incendiou

Origem natural não podia ter.

 

Estavam os corajosos lusitanos

Sem nada perceber

Enquanto os sobre-humanos

Se reuniam para o assunto esclarecer.

 

Foi no Olimpo luminoso,

Que por vocação de Júpiter,

Se reuniu um concílio glorioso

Para a justiça obter.

 

Vénus e Vulcano lá estavam,

Marte e Mercúrio também,

Baco era dos que não faltavam

E não estava mais ninguém.

 

Júpiter era um dos do meio,

À sua direita estava a mais formosa,

À sua esquerda o mais feio,

E à esquerda deste uma mente invejosa.

 

À direita da única deusa no concílio

Estava o pai de Cupido,

À esquerda do veloz Mercúrio

Estava um deus pelo amor consumido.

 

Depois de acalorada discussão,

Tomando cada deus o seu partido,

Chegou-se a uma conclusão;

Um dos deuses tinha-se vendido.

 

Como fabricante que era

Da arma do atentado.

Houve alguém que o convencera

A colocar a honra de lado.

 

O deus inimigo da lusa gente,

Capaz de tão vil acto,

Era um conquistador excelente

Mas inferior aos lusos de facto.

 

Cabe-lhe agora leitor,

A difícil e ingrata missão,

De apontar o dedo acusador

A quem participou na traiçoeira acção.

 

Deve também indicar

Como se encontravam sentados,

Para a justiça tentar alcançar,

Os deuses que tinham sido convocados.

 

Iremos assim saber,

Com a sua forma de pensar,

Quem poderia querer

Os lusos descobrimentos parar.

 

SOLUÇÃO

© DANIEL FALCÃO