Autor

Carl Von Schnees

 

Data

1 de Julho de 1983

 

Secção

Mistério... Policiário [403]

 

Competição

Torneio “Dos Reis ao S. Pedro” - 83

Problema nº 10

 

Publicação

Mundo de Aventuras [504]

 

 

«DOSSIER»: FALSO OFICIAL

Carl Von Schnees

 

Tudo começou quando havia acabado de resolver um caso de jóias supostamente roubadas e, olhando da janela do meu escritório o pôr-do-sol, ia pensando em gozar umas férias à beira-mar, com a gratificação que a companhia de seguros me contemplara, quando o telefone, colocado em cima da secretária, tocou…

Não vou maçar-vos, contando toda a conversa havida com o meu amigo Estegano, mas resumidamente, relato-vos o que ele me disse: todos os anos se realiza em certa localidade do litoral Sul, um convívio de oficiais das diversas armas e serviços do Exército, que engloba, além do almoço, palestras e até a realização de negócios. O coronel T. L, organizador do convívio e nosso amigo comum, tinha acabado de receber um telefonema anónimo, informando-o que o convívio ia ser aproveitado por um dos participantes, um vigarista, para fazer mais um dos seus golpes.

Como T. L. pretendia os meus serviços, na manhã do dia seguinte, dia do convívio, após duas centenas de quilómetros, cheguei à Vila de M., onde me apresentei ao coronel que, após troca de cumprimentos, respondeu às perguntas que lhe fiz dizendo o seguinte:

Não, não desconfio de ninguém em geral, embora haja três participantes novos, pois os restantes são já membros antigos do «Clube dos Oficiais», na sua quase totalidade amigos meus. Não comuniquei o caso à Polícia porque pretendo evitar qualquer escândalo, além de que não gosto de acusações anónimas e, esqueceria o telefonema se não fosse o caso de há seis meses, no Norte, camaradas nossos terem sido ludibriados por um pseudo-oficial, no valor de 2 milhões e, isto porque, após os nossos almoços, se realizarem negócios envolvendo grandes cifras. Os três novos membros são os capitães Luís Karam, Eduardo Gama e Vilanova, que apresentaram os documentos necessários para serem admitidos no nosso clube. Peço-te que vigies, mas o mais discretamente possível, e que me avises logo que detectes algo de anormal.

Vagueei entre os cerca de quarenta participantes do convívio, até à hora do almoço, mantendo os «novos» debaixo de vista, mas nada de anormal notei. Todos falavam com todos e as conversas versavam uma infinidade de temas absolutamente normais, neste género de reuniões.

Ao almoço, com a ajuda do T. L consegui ficar entre o Luís Karam e o Eduardo Gama, tendo à minha frente, do outro lado da mesa, o Vilanova e, por altura do café, a conversa generalizou-se versando temas militares – já nesta altura com troca de lugares.

À minha esquerda, o capitão de infantaria Vilanova contava ao seu vizinho como em campanha se abrigara, do tiro rasante de uma metralhadora ligeira Dreyse 7,9 mm m/37, atrás de uns molhos de palha, com 5 metros de largura, num campo já ceifado.

À minha frente, o capitão de engenharia Luís Karam discutia com um major piloto-aviador, o valor de alguns explosivos, dizendo que o nitrato de amónio tinha um valor propulsiva menor que o T.N.T., porém podia ser utilizado em todas as formas de destruição, o que não acontecia com o T.N.T. que só era utilizado em crateras.

Do meu outro lado, o capitão de artilharia Eduardo Gama, explicava a um obeso oficial de intendência a construção de um espaldão de artilharia, para um obus 8,8 m/943, inglês, dizendo que na 1ª fase as escavações correspondiam e 11 m3 e numa 2ª fase a 19 m3.

 

Nesta altura o coronel T. L. aproximou-se e, em surdina, disse-lhe que o falso oficial era o capitão…

 

Pergunte-se:

1 – Quem era o falso oficial?

2 – Justifique (dizendo tudo quanto julgue necessário) a afirmação feita na pergunta anterior.

 

SOLUÇÃO (não publicada)

© DANIEL FALCÃO