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TORNEIO DO CINQUENTENÁRIO

“MISTÉRIO… POLICIÁRIO” – MA/MP (1975-2025)

SOLUÇÃO DO PROBLEMA Nº 5

A TABERNA DOS TRÊS EFES

Autor: Bernie Leceiro

A hipótese de afogamento por acidente configura a maior parte dos casos. Tecnicamente, não existe suicídio por afogamento. É comum encontrar nesses afogados sinais de luta pela sobrevivência. Nesses casos recebem o nome de suicídio acidental.

No suposto caso de afogamento conforme o descrito nas cartas deviam ser procuradas as seguintes evidências:

 

Sinais externos do afogamento, que podiam ser observados por quem encontrou o corpo:

– Baixa temperatura da pele: a temperatura da pele dos afogados é precocemente mais baixa (mais fria).

– Pele anserina: a pele tem um aspeto chamado anserino - arrepiada pelo mecanismo pilo-eretor. Recebe o nome de Sinal de Bernt.

– Contração de determinadas partes do corpo: os mamilos, a bolsa escrotal, pênis e clitóris são contraídos.

– Maceração da pele palmar e plantar: a pele das mãos e dos pés ficam maceradas (enrugadas). A pele chega a descolar e permanece tão perfeita, destacada com tanta precisão (como uma luva), que é até possível colher as impressões digitais.

– Máscara equimótica: o rosto fica preto, devido à quantidade de sangue acumulado.

– Cogumelo de espuma: espuma branca ou rosada que sai da boca e dos orifícios nasais.

 

Sinais internos de afogamento em análise pericial:

– Inundação das vias aéreas com líquido: as pessoas se afogam em vários tipos de líquido.

– Lesão dos pulmões: apresenta um pontilhado de manchas chamadas de manchas de Tardieu.

– Presença de líquidos no aparelho digestivo: o indivíduo também engole água, além de inspirá-la. A trompa de Eustáquio liga a faringe ao ouvido médio; nos afogamentos, há presença de líquido no ouvido médio, que chegou até lá pela trompa de Eustáquio.

– Em um cadáver putrefato, a certeza de que ocorreu o afogamento é dada pela análise comparativa do sangue da aurícula direita e esquerda do coração, ou seja, se o sangue da aurícula esquerda estiver mais diluído, com certeza ocorreu o afogamento.

 

O cadáver não pode ter sido autopsiado no Instituto de Medicina Legal, pois os mesmos só foram criados após a publicação da carta de Lei de 17 de agosto de 1899.

Se as evidências acima listadas não se verificassem, então poderia ser equacionado um outro tipo de crime – homicídio – e nesse caso o marido seria obviamente pelo descrito o principal suspeito. No século XIX já existia a estrada que permitia um rápido acesso ao Porto, aliás a mesma estrada que o exército libertador escolheu para a sua entrada no Porto.

 

CRITÉRIOS DE PONTUAÇÃO

1. – Indicação certa de 1 sinal exterior ou interno de afogamento: 6 pontos.

2. – Indicação de mais 1 sinal interno ou exterior de afogamento: + 1 pontos.

3. – Justificação certa para o corpo não ter ido para o Instituto de Medicina Legal e/ou Referência certa ao principal suspeito em caso de homicídio: + 3 pontos (a)

 

(a) Aos concorrentes que assinalem uma das magnas questões referidas no ponto 3, mas não façam referência aos sinais referidos em 1 e 2, será adicionada uma bonificação de 5 pontos.

 

NOTAS DO AVALIADOR

O desafio feito pelo autor do enigma residia na resposta a quatro questões: (1) “Terá sido suicídio como conclui o padre ou (2) existem razões para suspeitas de homicídio? (3) Como poderia ser confirmado? (4) Qual terá sido a conclusão da autópsia no Instituto de Medicina Legal?” E, curiosamente, alguns dos concorrentes ignoraram completamente a segunda e terceira questões, limitando-se a responder simplesmente que se estava perante um suicídio, não se questionando igualmente sobre a razão da quarta questão, que não pode deixar de ser determinante para a decifração integral do enigma, em conjugação, ou não, com a identificação do principal suspeito em caso de homicídio.

 

© DANIEL FALCÃO