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TORNEIO DO
CINQUENTENÁRIO “MISTÉRIO…
POLICIÁRIO” – MA/MP (1975-2025) SOLUÇÃO DO
PROBLEMA Nº 3 A MORTE DO
TRAFICANTE Autor: Paulo Dos vários elementos
apresentados, poderão retirar-se algumas conclusões. 1 – O disparo foi
feito com o cano da arma encostado à fronte. (1 ponto) O sinal de boca de
mina de Hoffmann, nome dado às marcas do ferimento descrito no texto para a
entrada do projétil, é característico do disparo encostado ao corpo, quando
por baixo da pele está uma superfície óssea. Esta marca é uma consequência de
haver uma explosão junto à pele para fora, gerando uma lesão com bordas
irregulares, invertidas, ou seja, voltadas para fora, com uma impregnação
centralizada de pólvora. 2 – a) A arma
estava horizontal. (1 ponto) Se o trajeto foi
horizontal, de acordo com a opinião técnica, com os orifícios de entrada e de
saída à mesma altura, assim como impacto do projétil na parede, a arma teria
que estar horizontal e alinhada com a trajetória do projétil. b) Para que um
indivíduo de um metro e setenta fosse alvejado horizontalmente na fronte, com
a arma encostada ao local que sofreu o disparo, estando de pé, de acordo com
a informação do texto, o assassino teria que ser mais alto que ele. Se fosse
mais baixo, o cano teria ficado ligeiramente virado para cima. (1 ponto) 3 – Ficam assim
dois suspeitos, mais altos do que a vítima: Hans e Campbell.
(1 ponto) 4 – a) A carta só
poderia ter sido escrita por um alemão, não por um natural dos Estados
Unidos. Este escreveria biliões. Três mil milhões é o termo que deveria ser
usado pelos alemães, europeus, e que descreve o mesmo número, 3 000 000 000,
que o habitante dos Estados Unidos escreveria como 3 biliões. Na Europa é que
se usa a designação, em alguns países, mil milhões. O termo bilião poderia
ser usado por um europeu, mas o termo mil milhões, nunca seria usada por um
norte-americano. (1 ponto) b) Em Tribunal foi
demonstrado que o assassino não pretendia simular que a carta tivesse sido
escrita por outra pessoa, por isso não poderia ser o suspeito dos Estados
Unidos, Campbell, a escrevê-la. (1 ponto) 5 – Concluindo, o
assassino foi Hans, e será isso que o relatório do polícia responsável pelo
caso terá indicado. (1 ponto) Presença – 3
pontos Nota: Todo o
processo de resolução poderá partir da carta, identificando os dois alemães
como suspeitos e depois fazer-se a eliminação do alemão mais baixo. COMENTÁRIOS Ninguém cria no vazio, há sempre um ponto de partida, e este problema
surgiu de uma ideia aparecida com um velhinho problema do Luís Pessoa, que
ele assinou como L.P. e publicou em Mistério Policiário. A chave de A morte
do traficante não está nesse problema, mas foi daí que surgiu a ideia.
"Roubo no Comboio" é o seu titulo e foi publicado em 2 de outubro
de 1975. Relativamente ao texto A morte do traficante referem-se algumas
situações que advêm da solução. Em nenhum trecho da carta surge a palavra você. O texto permite que o
tratamento seja o de você ou o de senhor. Não se pode olvidar que apenas
estão transcritas pequenas frases. Acresce que o inglês "you" tanto pode ser traduzido por tu
como por você ou o senhor. Seriam precisos outros elementos, não presentes na
tradução, para saber qual a utilização mais adequada. Lembro-me, por exemplo,
das traduções de Erle Stanley Gardner, em que numas Perry Mason trata a secretária, Della
Street, por tu e noutras por você. E não é apenas a diferença de umas
traduções serem feitas no Brasil e
outras em Portugal. Os americanos falam de biliões e os europeus em milhares de milhões. Na
europa um bilião é um milhão de milhões. Aliás, na atualidade, é muito
frequente, a propósito de armas, os americanos falarem de biliões de dólares,
e os europeus, referindo-se à mesma quantia, usarem a designação de milhares
de milhões. Para evitar esta dupla forma de escrever, utilizam-se os prefixos, Mega,
Giga, Tera, etc. Veja-se como, na área de informática, não existe qualquer
confusão sobre a capacidade de armazenamento dos computadores ou a frequência
dos microprocessadores. Em todo o planeta se fala de terabytes ou de
gigahertz. O sinal da mina de Hofmann, descrito no texto, implica a arma encostada
à pele, sobre uma superfície dura, e, neste caso, também horizontal, na linha
do percurso do projétil dentro da
cabeça, o que é muito fácil de conseguir para alguém com alguns centímetros
de altura a mais do que a vítima. Repare-se que não se sabe a altura exata de
Hans, apenas que tinha mais de um metro e oitenta, ou seja, tinha uma altura
que lhe permitia encostar a arma à cabeça da vítima, mantendo o revólver na
posição horizontal. Foi aceite como correta, a resposta de que a arma teria que estar muito
próxima da pele, não encostada, uma vez que nem sempre as fontes consultadas
são concordantes e têm a informação completa. É essencial a referência ao facto de a carta não ter sido simulada, ou seja, não ter
sido escrita por um americano a fingir ser europeu. Se isso ocorresse, haveria dois suspeitos. Segundo o texto,
ficou provado que não houve simulação da escrita. Note-se que a solução não é
o relatório do polícia, e este é feito antes da ida a tribunal, ou seja antes
de ter sido provado quem escrevera a carta. O relatório é feito pelo leitor,
como é pedido no final do problema, considerando já as provas feitas em
julgamento. As classificações foram bastante bonificadas no que se refere a
justificações, pois muitas das soluções poderiam ter menos 1 ou menos 2
pontos. Desde que o tópico fosse abordado de forma lógica, dei a pontuação,
ou a então a hecatombe seria muito maior do que aquela que ocorreu.. |
©
DANIEL FALCÃO |
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